segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Alice Exilada - Conto



“A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu.”


-Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll.



Alice. Ei, Alice, quem é você agora? Uma borboleta feia, talvez? Amor em decomposição? Alice está entediada. O pior aconteceu, ela não pôde evitar. Passa a noite só, no quartinho, a agulha amiga cravada no braço frágil. Alice sabe voar. Encolhe-se de prazer, acaricia o próprio rosto. Como é bonito, tudo, tudo isto, e ela também. É uma princesa novamente. Guitarras ceifam pesadas o ar, metal. Dá vontade de se agitar. Quem sabe incendiar algo, hum. Não existe orgasmo maior que a liberdade, hum.

De orgasmos ela entende. Teve muitos amantes. Adora os homens, todos, bonitos, feios, delicados, brutos, extrovertidos, tímidos. Cada um possuí um gosto especial, bombons sortidos numa caixa. Deleita-se com uma mão leve, seu toque gentil faz com que imagine a si própria menina preciosa. Excita-se com a mão pesada, é uma tortura que merece, paga por crime desconhecido, mas que certamente cometeu. E ela é tão ruim, imoral – pensa, que cometeria de novo e mais uma vez, só para ser a vítima. O martírio é afrodisíaco, põe o corpo em rebelião, causa suspiros profundos, deixa a alma cega de prazer.

É verdade que não gosta só de homens. Não, isso seria um limite, seria uma falta de imaginação. Alice, é bom que saiba leitor, tinha toda imaginação do mundo. Divertia-se com as meninas também. Seios contra seios, hum, que coisa.

Mas que terra era aquela? Onde estava? A menina não sabia. Cada objeto disputava para ser o mais estranho. Até mesmo uma pantufa. Não, principalmente pantufas. Também chapéus, que dão má sorte, se você usa um chapéu, pode perder a cabeça. Deus me livre! Mas, onde, onde estava afinal? Que mundo era aquele quarto? O lugar continua o mesmo, as respostas vão mudando. Recortes na parede, desenhos, palavras. Alice é uma artista sim, acredite se quiser, mas demos um exemplo, pois não devemos acreditar em tudo que os contos dizem. A menina certa vez pintou uma cena de parto. A mulher contraindo o útero com vigor, uma expressão aterrorizada no rosto. Eram as dores lancinantes do parto? Não. Ela está expelindo aliens gosmentos pela vagina e acima do desenho está a legenda: “Sra. Roswell e a alegria de ser mãe”.

Hoje Alice estava sem ideias para desenhar. O mundo ainda girava dentro dela. Hora de viajar. No deserto.

A poeira sobe do chão, machuca a vista.

- Não há ninguém aqui, acho, talvez – pensa.

Ela anda, sente um gosto estranho, porém familiar, na boca. Gim. Gosto de sonhos desfeitos. Merda, tá acabando o Gim. Ela bebe mais um gole, ri.

- Esse deserto tá muito chato hoje. Já sei, é melhor eu inventar um deserto melhor.

- Ei, Alice .

- Quem me chamou?

- Aqui, aqui jovem.

Um cacto sinistro chamava a garota. Dois buracos estavam no lugar de seus olhos, tinha uma língua de quase meio metro, balançando saída de uma bocarra vermelha e torta. Uma coroa de espinhos equilibrava-se na cabeça.

- Sou eu, Jesus, filho de Deus. Ninguém vem até aqui. Faz tanto tempo. Socorro.

Alice levou as mãos até a boca, seus olhos marejados de lágrimas.

- Jesus, não, meu Deus!

- Deus? Onde está? Onde, onde?

- Não, eu só disse meu Deus, ele não está aqui. Você sabe onde ele mora?

- Não. Mas ele costumava falar comigo. Eu suplico, estou sozinho há dois mil anos, ajude-me .

- Não posso, sou só uma menina perdida no deserto. Não sou capaz. Adeus.

O cacto chorou, as lágrimas tocaram o solo estéril e morreram. Cada lágrima já nasce morta no deserto. Alice sentiu. Corroeu com toda a dor do salvador, mas não conseguiu chorar, seus olhos eram nada mais que fontes secas. Ela partiu.

Um ruído. Algo corre por entre as paredes de rocha, circula, se difunde tal sangue no corpo. É veloz. Magma. Alice está no centro da crosta terrestre.

- Olá? Tem alguém aí? - Apenas o silêncio vermelho e rochoso. Pula num buraco no teto.

- Este lugar não tem nenhuma graça.

Volta para o quarto. Que dizem as estrelas no teto? A luz demora a chegar, demora tanto e por isso, por isso... Todas as estrelas dizem adeus.

- Adeus estrelas, gostava muito de vocês – responde Alice.

Começa a se recordar de coisas. Vê uma boina no chão. Um desfile militar perpassa seus olhos. As fardas assentadas, orgulhosas de si, as posturas sólidas, a marcha precisa. Seu pai é general. O som das botas pesadas, constantes, marchando impassíveis para o futuro. Cornetas festivas ressoam. Os olhos das esposas marcados de orgulho, que grandes maridos tinham! Homens de concreto. Uma libélula passou rindo dos homens, mas só Alice viu. Para onde marcharão as almas dos soldados mortos? A libélula deve saber.

Alice cria asas. Voa com a libélula, ambas pequeninas. Se todos conhecessem essa liberdade, haveria guerra? Não seria melhor cortar os ares, encher a alma de brisa, tornar a vida mais fácil? Ela tem pena. Daqui de cima vê-se tudo. As cidades e seus homens, quem é dono de quem nisso? Ela vai descendo para olhar melhor. Crianças brincam no verão. Bolas, risadas. Alice e a libélula adentram por uma janela. Um medo inexplicável toma o rosto de Alice. Que lugar é aquele? Tem uma menina na cama. Consegue sentir a tristeza de seus ossos frágeis, a fraqueza em seu coração de brinquedo. Levanta-se. Usa um avental branco. As paredes são brancas. Uma lavagem branca escorre seu cérebro. Quem é essa menina doente? Onde estão seus pais? Será algum dia feliz? Agora ela começa a se lembrar. Está louca, é isso. Olha-se no espelho, e pela primeira vez na vida está certa de algo. O pior aconteceu, ela não pôde evitar. Alice cresceu.



By  Leonardo V. Toledo

NEW MODEL ARMY - discografia



New Model Army é uma banda de rock Inglês post-punk/alternative que formou em Bradford, West Yorkshire, em 1980, pelo seu vocalista e principal compositor Justin Sullivan, mais tarde incluindo tmabém Robert Charles Heaton.

Vale a pena conferir.

Para quem não conhece e quer ouvir antes de baixar, este é um clássico da banda:


 

 ÁLBUNS DE ESTÚDIO


1984  - Vengeance   DOWNLOAD

1985  - No Rest for the Wicked    DOWNLOAD

1986  - The Ghost of Cain    DOWNLOAD

1989  - Thunder and Consolation   DOWNLOAD

1990  - Impurity    DOWNLOAD

1993  - The Love of Hopeless Causes    DOWNLOAD

1998  - Strange Brotherhood

2000  - Eight    DOWNLOAD

2005  - Carnival     DOWNLOAD

2007  - High   DOWNLOAD

2009  - Today Is a Good Day     DOWNLOAD

domingo, 3 de fevereiro de 2013

ED WOOD - o filme


Segue abaixo o filme completo sobre a vida daquele que foi considerado o PIOR cineasta de todos os tempos!!!!   Um ícone do cinema trash!!!    Vale a pena confirir!!!!  

BIOGRAFIA breve de ED WOOD:


Edward Davis Wood, Jr. (10 de outubro de 1924 — 10 de dezembro de 1978) foi um produtor e diretor estadunidense de filmes de terror, ficção científica e erótico. Seus trabalhos se destacaram pela inventividade frente aos limitados recursos técnicos e orçamentários dos quais dispunha. Com efeitos especiais considerados um tanto quanto duvidosos no que diz respeito à qualidade, tinha cenas muitas vezes apresentadas de forma descontínua, com reaproveitamento constante de material não utilizado em outras produções. O que de certa forma evidencia que para este diretor a principal linguagem era a imagética e não a linearidade do assunto em questão, o que acabava por gerar, segundo muitos especialistas do gênero, planos peliculares sem um sequenciamento cronológico padrão e tramas que seguiam este mesmo molde. Wood foi responsável pelos últimos filmes de Bela Lugosi, o célebre intérprete do Conde Drácula, de quem o diretor era grande admirador.

Ed Wood foi considerado por muitos críticos o "pior cineasta" de todos os tempos e do planeta inteiro. Apesar do descrédito por parte dos críticos de cinema, seus filmes acabam por manter um certo ar humorístico, contando hoje em dia com uma legião de fãs.

O filme de maior sucesso de Ed Wood foi filmado em 1956 sob o título original de Plan 9 From Outer Space (Plano 9 do Espaço Sideral). Muitos adoradores do cinema trash o celebram como um clássico cult. Na época de seu lançamento, no ano de 1959, Plano 9 do Espaço Sideral foi considerado o pior filme de todos os tempos.

Ed Wood costumava trabalhar com os atores caricatos como Tor Johnson (ex-lutador de luta livre sueco, cuja face se tornou uma máscara popular nas festas de Halloween) e o místico Criswell. Wood tinha obsessão por Maila Nurmi, atriz finlandesa que usava o nome de Vampira em um programa de TV que apresentava. Wood escreveu vários papéis para ela, mas Maila só aceitou filmar "Plan 9 From Outer Space". E mesmo assim, sem falas, conforme se viu no filme de Tim Burton de 1994 sobre o diretor.